Nova NR1: Por que a saúde financeira deve entrar na pauta da saúde mental nas empresas
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), atualizada recentemente, trouxe uma nova forma de olhar para a gestão de riscos ocupacionais, colocando o bem-estar do trabalhador como prioridade. Embora muitas empresas foquem em aspectos físicos e ambientais, é impossível ignorar que a saúde mental dos colaboradores também está no centro desse debate. E, dentro desse cenário, a saúde financeira surge como um fator essencial, mas ainda pouco explorado, que impacta diretamente no equilíbrio emocional e no desempenho profissional.
Segundo pesquisa da PwC de 2024, mais de 60% dos trabalhadores brasileiros afirmaram que preocupações financeiras são a principal causa de estresse no trabalho. Isso significa que, se uma empresa ignora esse aspecto, está deixando de atacar um dos maiores riscos invisíveis dentro do seu ambiente. Com a nova NR1 exigindo uma visão mais integrada da saúde e segurança, a conexão entre saúde financeira e mental não pode mais ser negligenciada.
Problemas como endividamento, inadimplência e falta de planejamento financeiro aumentam os níveis de ansiedade e depressão entre colaboradores. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostram que os transtornos de ansiedade são responsáveis por mais de 30% das licenças médicas relacionadas à saúde mental no país. Parte significativa dessas situações é agravada por dificuldades financeiras, que criam um ciclo de preocupação e queda de produtividade.
Nesse sentido, programas corporativos de educação financeira se tornam ferramentas estratégicas. Eles não apenas ajudam o trabalhador a lidar melhor com suas finanças, mas também demonstram o compromisso da empresa com o cumprimento da NR1, já que o bem-estar psicológico passa a ser visto como um risco ocupacional a ser monitorado.
Além disso, oferecer suporte financeiro pode reduzir custos empresariais. Estudos da International Foundation of Employee Benefit Plans (IFEBP) apontam que empresas que investem em programas de bem-estar financeiro reduzem em até 34% as faltas e aumentam em 25% o engajamento dos colaboradores. Ou seja, há benefícios claros tanto para o empregador quanto para o trabalhador.
A atualização da NR1 exige que gestores compreendam o risco psicossocial em toda sua complexidade. Isso significa que não basta oferecer ginástica laboral ou campanhas de saúde. É necessário olhar para fatores menos visíveis, como o impacto das finanças pessoais na mente do trabalhador.
Por fim, incluir a saúde financeira na estratégia de saúde mental corporativa não é apenas uma tendência, mas uma necessidade diante do cenário regulatório e da realidade das empresas brasileiras. Quem ignora esse elo pode estar descumprindo, ainda que indiretamente, a essência da NR1.